Como explicar a crise no São Paulo?

O Tricolor do Morumbi sempre se orgulhou de ser um time “diferenciado”. O mais “Europeu” dos clubes brasileiros. Um clube com estrutura invejável, contratações inteligentes e pontuais, com grandes revelações na base, grandes técnicos, grandes ídolos. Isso sem contar no grande número de títulos, apesar de ser um dos mais jovens dos grandes clubes brasileiros. E sim, tudo isso é verdade. Sem dúvidas.

Mas, surpreendentemente, o Tricolor do Morumbi passa por uma de suas piores crises de sua história.

Quais seriam as causas desse momento ruim do São Paulo? Vamos analisar algumas hipóteses:

1) Problemas internos: Esse talvez seja o grande problema São-paulino. E ninguém sabe exatamente o que está acontecendo.  Normalmente, quando acontece algum problema nos bastidores de um clube de futebol está relacionado a:

a) Relação conturbada entre Técnico x Jogadores.

b) Instabilidade política no clube.

c) Jogadores insatisfeitos com a Diretoria (nesse caso, na maioria das vezes é algo relacionado a dinheiro – salário atrasado, premiação não paga ou não negociada).

Esse último não parece ser o caso. Não existem relatos de atrasos salariais ou equivalentes.  O técnico foi trocado, portanto, se fosse isso, o time com certeza já teria melhorado e resultados já teriam aparecido. Sobram as questões políticas.

O São Paulo vem enfrentando problemas na sucessão presidencial do clube. E em 2014, uma nova eleição com forte oposição ao atual Presidente Juvenal Juvêncio pode estar atrapalhando o ambiente, afetando diretamente no desempenho dentro de campo.  As torcidas organizadas inclusive, já manifestaram seu apoio à atual Presidência e não aceitam o candidato opositor Marco Aurélio Cunha (a justificativa para a rejeição seria um vídeo no qual Marco Aurélio canta o hino de um adversário).

2) Problemas no campo: O São Paulo, como qualquer time, apresenta algumas deficiências (não existe time perfeito). Alguns falam da defesa (principalmente das laterais), outros falam da falta de um jogador de armação, sem contar uma possível indefinição tática. Mesmo assim não parece ser tão determinante a justificar a fase ruim do time. A sensação que se tem é de que alguma coisa extra preocupa os jogadores. Todo time tem seu momento ruim no decorrer de um campeonato. Mas a garra, a vontade de vencer, faz com que as dificuldades técnicas sejam minimizadas. O time do São Paulo está longe de ser um time ruim.

3) Demissões: Grandes profissionais, especialistas com anos de serviços prestados a equipe, foram demitidos sem muita explicação.  Isso pode ter relação a, por exemplo, questões físicas. (Não estou dizendo que os novos profissionais não são capazes. Mas aquele alto padrão anterior, talvez não exista mais).

Não acredito que o SP será rebaixado. Em algum momento vai se recuperar. O time, no meu ponto de vista, está longe de ser ruim. É claro que o sinal de alerta precisa ser aceso, e talvez essa possibilidade sirva de combustível para que o time volte ao caminho das vitórias.

Os problemas parecem vir de “cima para baixo” e de “fora para dentro”. Cabe talvez aos jogadores, um entendimento para que os problemas sejam deixados fora de campo. E que mudanças são necessárias. Os interesses pessoais, de perpetuação e manutenção no poder não podem ser mais importantes que os interesses do clube e de seus torcedores.

Esse é meu pitaco. Concorda?

Rovilson de Freitas